IV Parada do Orgulho Gay da Bahia

A 3ª. Maior Parada do Brasil: Salvador 300 mil

Por Marccelus Bragg

A IV Parada do Orgulho Gay da Bahia, que aconteceu em 04/09, levou uma multidão às ruas de Salvador. Foi uma festa em que se viu artistas, políticos, familias, figuras estilosas [todas querendo ter a sua excluvidade na avenida].

A cidade foi preparada para tal. A prefeitura deu o mesmo tratamento que um carnaval e mandou iluminar as principais avenidas e colocar gambiarras em artérias de grande concentração humana. Logo cedo as barracas temáticas, como a das transgêneros vendendo roupas confeccionadas por elas próprias, as travestis e transexuais organizadas – se montou ao lado de outras, como as de souveniers da Boate Queens, a do Grupo Gay da Bahia que estava disponibilizando material didático e as camisas da parada, a do Centro Espiritual Estrela de Salomão, a da Loja Afro Iris especializada em turismo GLS , a barraquinha do Núcleo Lésbico Palavra de Mulher e como não podia faltar, o bom “Capeta” e as deliciosas caipirinhas da metá-metá Michelly.

Este ano os políticos tiveram uma participação muito especial na Parada. A secretária municipal de Educação Olivia Santana falou em um convênio da Prefeitura com vistas a divulgar nas salas de aula o respeito aos Homossexuais. Também foram observadas na cidade as faixas das vereadoras Aladilce Souza e Vânia Galvão e nas mãos das pessoas, os panfletos do combativo Daniel Almeida, todos chamando a atenção para a cidadania dos Gays e das Lésbicas. Uma visita ilustre e que ficou durante todo o cortejo em cima do Trio Elétrico do GGB, foi o presidente da Câmara Municipal vereador Valdenor Cardoso, sempre beijado por lindas mulheres e acenando bastante para a multidão. Só para lembrar, o chefe do Legislativo, Valdenor, é o autor do Projeto de Lei que cria em Salvador a “Esquina do Arco Iris”, um pleito da comunidade gay local que transforma um recanto do Largo Dois de Julho em Monumento Gay, tal o qual já existe na Alemanha, Holanda, EUA e Uruguai. Outra presença significativa: O único vereador gay assumido da Bahia, o professor Adão de Vitória da Conquista chegou ao trio acompanhado do seu companheiro Alan Kardek. E como prova de não preconceito, o casal heterossexual do Partido Verde PV, que organiza a Parada de Itabuna, Gal e Val Cabral empunhavam na Parada, bandeira do PV em comum acordo à dignidade dos homossexuais.

Também vários sindicatos e associações de classe fizeram questão de estar nesta marcha da Diversidade apoiando a união civil entre as pessoas do mesmo sexo. Dentre tantos, podemos mencionar o sindicato dos Vigilantes do Estado da Bahia, a Associação dos Defensores Públicos da Bahia, o GAPA Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS que escreveu numa faixa “…amor qay não pode ser alvo de culpa, de preconceito ou de discriminação” , o Partido Comunista e o Partido Socialista. E como não podia faltar o toque de baianidade, direto do aniversário do Senador Antonio Carlos Magalhães [04/09] e após a tradicional missa na Igreja do Rosário dos Pretos, chegaram em grupo, dezenas das baianas típicas que nunca faltam e integram a comissão de frente das Paradas Gays. Este ano elas se posicionaram entre os antipatizantes ao Bradesco, dividiram com as suásticas o espaço e ficaram juntinho aos casais gays em trajes de gala. Outra figura suigêneris, que a Bahia já se acostumou a ver nas Paradas Gays, sempre sorridente, simpática e fraterna é a esposa do Ministro Jacques Wagner, a enfermeira Fàtima Wagner, que encarna o seu personagem de Frida Kahlo soberbamente. Corajosa, foi a única do PT poder à dar às caras no desfile.

De fora vieram abrilhantar a IV Parada os antenados rapazes do Site Disponível, que aqui foram ciceroneados por Márcia Franco da OFF Clube – toda altiva – no seu trio fantástico. E também, o nosso fofíssimo Erik Galdino, menino de ouro do Mix Brasil e que no Trio da Queens, do nosso badalado André Cupolo, era todo simpatia. Por falar em Cupolo, especialista em homem bonito, ele não deixou por menos, lotou o trio de strippers e de Go Go Boys, em especial os top de linha: Ramon Rodrigues e sua magestade Danilo, este não tirava a coroa da Queens da cabeça, um rei de corpão delicioso.

Já Dion “O Fabuloso”, exuberante no seu vestido branco, liderou o Trio da sua Boate Scadal em Feira de Santana. E nos confidenciou: antes do final do ano, a cidade ganhará novos espaços GLS. A lacuna deixada pelo fechamento da Boate Yés será sanada por novos empreendimentos. O empresário Waltinho [Dion] que não abre mão do seu companheiro Júnior, deu de presente a Parada, a latinidade festiva da banda Saliente que atacou de Salsa, Rumba e Merengue. Toda a equipe de atores transformistas que acompanham Dion nos shows e nas apresentações se fizeram presentes. Leia-se aqui o artista Lisboeta Moranguinho, a drag andrógina Ed. Cyber, Duda Whesheley e Rosana.

Na avenida sete, o comentário que rolou durante a Parada foi o de que um caminhão lotado de homens com roupas sumaríssimas foi barrado pela polícia, que viu nos pequenos tapa-sexos, um possível atentado ao pudor. E não foi assim que a travesti Samantha e as índias do balacobaco arrasaram no trajeto do Mosteiro de São Bento. A “mulecada” toda passando a mão e atacando de beijos, muitos beliscões e milhares de convites para uma “rapidinha”. E as quase peladas resistiram, afinal, o que elas queriam mesmo era aproveitar a marcha, para mostrar a todo mundo que numa sociedade livre a censura é algo detestável, e que as palavras “respeito e tolerância” devem ser reais sempre. Ainda que o apelo erótico ou os fetiches predominem, afinal, numa parada em que a livre expressão sexual é o forte, alguns pontos de exagêros chocam mas não mata ninguém. E depois, para que tanto pudor se no carnaval tantos corpos são expostos e todo mundo encara numa boa. E não se deve esquecer, que esta é uma Parada Gay, e tudo que a maioria dos gays – gostam e se identificam – os seus símbolos estão lá. Quem não aceitar, detestar ou não gostar, não vá.

Jean Wyllys o mais famoso gay assumido do Brasil chegou tarde ao Trio do GGB, deixou o seu recado e posou para muitas fotos e recebeu a faixa de Embaixador da Parada. A cantora Rita Braz deu os acordes do Hino Nacional e a madrinha do evento Carla Cristina recebeu a faixa bastante emocionada. Também radiante ficou a Miss Beleza Baiana, uma moça linda que participa pela primeira vez de uma Parada Gay. Também, Luiz Mott e Marcelo Cerqueira , afinadíssimos nos discursos, ambos falaram da alegria de acontecer em Salvador a terceira maior Parada do Brasil, mais de 300 mil pessoas participando e que o Jubileu de 25 anos do Grupo Gay da Bahia se consagra com este grande e fenomenal evento.

Os artistas estão onde está o povo e a nação GLBT agradece a participação na Parada da madrinha Carla Cristina, das cantoras Daniela Firpo, Alobenede [que puxou a banda do GGB], Rita Braz [de CD novo na Praça], Milla Black [rainha do Soul], Cátia Guima [toda exuberante], Nara Costa [a rainha do Arrocha], a amada dos Gays Sarajane [que participou a 25 anos atrás da primeira manifestação Gay do GGB no teatro Castro Alves], a dançarina hiper agradável Roseane Pinheiro dançarina da Cia do Pagode , a loira Cilmara do Tchan, os meninos dos Sungas, a cantora lírica Rita Bras, Nara Costa etc….

A Feijoada Colorida de Maluf, na Casa da Italia, foi um festival de caras e bocas. “Bunitas e Abusadas” lotaram o tradicional recanto ítalo para fazer aquele pistão ao meio dia. E a nata da nata da comunidade gay disse “sim” eu quero é feijão. Os emburrados e os invejosos ficaram de fora, não comeram do feijão de Maluf e arrotaram o veneno das próprias almas. O espaço da feijoada foi muito bem escolhido, a comida este ano não demorou a ser servida e bastante vips da Europa passaram por lá. Vi gente já dada como morta, que volta à Salvador por causa da fama das nossas Paradas. A Bahia tem uma gente que brilha demais, a comunidade gay pode trocar farpas de vez quando, mas no final das contas, marcha unida. Porque se não fosse assim, não teríamos um GGB com 25 anos de existência e botando nas ruas de Salvador um mega evento desta natureza. Este é o sinal de que há o apoio de empresários, de outras ONGs, de vários artistas e principalmente, o respaldo da familia GLSBT. E se é para nomear algumas das pessoas maravilhosas que vimos na Parada então vamos lá: Bagageryer Spielberg, Os gatos Paulos, Davi Aranha e David Coiffeur [que andou sumido}, Lilith a drag fenomenal, Andrezza “Clara Nunes”, Pink, Pandora, Yto Lao empresário da Sauna Olympus e uma galera de meninas lindas usando as camisas da sauna. Hério estilista, Luciano Cruz, criador da marca X’Boy, Javier Angonoa da Coordenação DST/AIDS da Bahia, Ivana Solon e Paula Reis figurinistas da Madrinha da Parada Carla Cristina, Wellington Andrade do Dialogay de Sergipe, as travestis que comandam, Keila Simpsom da ANTRA, Michelle Marie da ATRAS, Lucia de Itabuna e Johnson Café do 1º. Spagay da Bahia e que acaba de capitanear um show folclórico no Caribe. E tem mais, centenas de pessoas especiais que a memória agora me falha. Mas se sintam lembrados, porque vocês colocam no pedestal a Bahia Gay, são pérolas de um rosário de coragem e heróis de uma Salvador mãe de todos e de todas.

Os casais Nadson e Magno, Joniel e Henrique, foram os benditos do Pride. Vestidos de smoking transitaram entre o povo e responderam perguntas de populares sobre “casamento gay”, etc.. E mais presenças no Pride, Ricardo Liper, o filósofo do “macho gay e viril”, lançando o seu site “espartano.net”, Pinguim, produtor, e Di Paula, apresentador de televisão, o museólogo Luis Alberto Freire, o Maestro Dilton, Valmick das Termas Planetário 11, os meninos do censo GLS de Salvador, etc… As drags e porformáticos foram um show a parte: Gotcha Smith e as meninas super poderosas, Fordonn, baianas travestidas, negas malucas, fantasias de luxo, etc… Nas ruas um personagem da história da Bahia não passou despercebido, a heroína Maria Quitéria, aqui representada pelo ator Tony Beleza.

Apresentado na Parada como o vilão do ano, o Banco Bradesco, foi criticado com faixas e cartazes, a suástica com fundo vermelho mostrou a empresa como sendo um banco nazista, por se negar a pagar uma indenização trabalhista em razão da dispensa a um bancário homossexual. Caso apontado na mídia como de discriminação explícita e cuja ação gira em torno de um milhão de reais para a parte ré. O dia foi de um sol maravilhoso, céu azul e de uma brisa vindo do mar, e tudo colaborou para o sucesso desta IV Parada. Deus realmente gosta da Bahia e ama os Gays porque deu uma “manhã de setembro” sem a mínima possibilidade de chuva. Nunca se pensou que um dia os homossexuais ocupassem tanto espaço num calendário de eventos da soterópolis. E para comprovar isto, a festa entrou pela noite no palco armado no Campo Grande pelo Grupo Gay da Bahia, e a loucura, o êxtase total foi a apresentação dos “Sungas”. Nossa, não havia espaço livre na praça, e é porisso que cada vez mais as pessoas estão enxergando nos gays os parceiros da alegria, da organização, da igualdade e do respeito. Não é atoa que tem se proliferado tantas agências GLS e pacotes de viagens relacionados ao turismo Gay.

É preciso dizer que o aniversário do GGB, os 25 anos de existência desta associação de defesa dos Homossexuais e das Lésbicas, foi comemorado com o maior dos presentes, 300 mil pessoas nas ruas. Viva o GGB no seu jubileu, e parabéns a todos que participaram desta grande festa da diversidade.

Confira 10 galerias especiais com fotos da Parada

GALERIA 1

GALERIA 2

GALERIA 3

GALERIA 4

GALERIA 5

GALERIA 6

GALERIA 7 Cedidas por Wagner Paixão da House Mix Fotografia Digital

GALERIA 8 Créditos: Angeluci Figueredo e Agradecimento ao GGB

GALERIA 9 Cortesia e créditos: Ruy Hernandes [Editor] – Portal Achei em Salvador – contato@acheiemsalvador.com.br

GALERIA 10 Cortesia e créditos: Uelton Martins [Editor] – Portal Agito Show – agitoshow@agitoshow.com