A audácia dos enxutos em 1958

por Marccelus Bragg

Estas imagens são audaciosas. Mostram que no ano de 1958 acontecia no Rio de Janeiro e bem no centro da cidade, alí no Teatro João Caetano, o “BAILE DO ARCO IRIS”.

Não estávamos em tempos de Rainbow, não se falava em diversidade. Como também o marco da liberdade Homossexual – a revolução de Stonewall in – ainda não tinha acontecido. E eu não imagino o porque do batismo da festa: “Arco Iris”.

Tal como hoje, quem assiste ao Gala Gay pela TV sabe do que estou falando, se bem que muito pior, era a recepção na chegada daqueles corajosos ao Teatro.Uma multidão enorme se formava, na frente da casa de espetáculo para atirar coisas podres ou vaiar os foliões ousados. Tanto assim que muitos se mascaravam. Temendo ser reconhecidos.

Os homens que se travestiam para brincar o carnaval no Teatro João Caetano. Como eram conhecidos? A referência que se fazia aos gays nos anos cinquenta, era a de serem chamados de “enxutos” . Estes, às vezes saiam de casa escondidos, alguns tinham vida dupla. Se casavam para manter as aparências e assim fugir ao estigma optando por levar uma vida camuflada , etc.

Estas imagens nos transporta no tempo. Pois nunca é demais se lembrar, que antes da gente, veio pessoas que se exporam. Que ousaram, que tiveram muita coragem e que deram a cara pra bater. Como”Bois de Piranha” para que hoje, travestis e tantos outros Gays mais visíveis, possam exercer com mais liberdade o seu direito de ir e vir e o de aparência.

Recordar é também tirar os bons proveitos das lições passadas.