Em um cantinho no coração, conheça a jovem cantora baiana.
Num cantinho do coração. Dentro de um envelope lacrado de amor está Pétra Adriane. Sincera e verdadeira.Uma garotinha que encanta quando canta. Ela veio para ficar. Busca o seu lugar ao sol e nas suas canções o futuro virá. É com Pétra que conversamos agora.

Musica nas veias. Realmente a música é pulsação para a Pétra?
É como um respirar. Lá em casa o pessoal tinha uma familiaridade incrível com notas, canto, partituras, conjuntos musicais, bandas, instrumentos e composições. Minha mãe é exímia compositora e toca violão muito bem. Meu pai nem se fala. Tem um currículum musical fantástico. Ele tocou com Raul Seixas, com Jerry Adriani e junto com o meu tio, ensaiaram super arranjos com o Armandinho nos anos bons dos 70. Tenho uma tia, a quem tenho um profundo carinho, que foi maestrina de corais e assim vai…eu sou uma pessoa de sorte. Tive e tenho muito incentivo por parte do pessoal lá de casa. Assim, amparada pelo companheirismo dos meus parentes e amigos, me sinto mais segura nesta jornada em busca da divulgação do meu trabalho.
A Pétra espadachim existe? A guerreira do Jaspion é uma lenda?
Você fala assim por causa das espadas de cabo de vassoura que eu fazia com os meus primos em Eunápolis. É isto, brinquei muito, fiz guerras homéricas a “La Jaspion”. Não perdia o seriado e qualquer vacilo do pessoal lá estava eu: armada dos pés à cabeça e pronta pra guerra! Tempos legais os da infância. Acho que criança somos todos nós. O tempo é que se encarrega de embrutecer as pessoas não?
Mas você só tem 19 anos?
Sim, nasci em Eunápolis, extremo sul da Bahia e já estou aqui em Salvador há alguns anos. Acredito mesmo que a idade cronológica é muito relativa. Às vezes passo da deliciosa insanidade à razão formal numa velocidade que você não imagina. Mas o que fazer? A vida é mesmo assim…

Nas nuvens ou pé no chão? Vai com Deus?
Sempre. Tive um iniciação e tenho referências católicas muito fortes e que resistem no meu interior. Aprendi o sentido de coletividade nos ritos da Igreja. No cotidiano das quermesses, bazares e eventos de jovens cristão nos quais sempre participei e me fiz presente organizando e cantando etc. Mas como num mantra, me dirijo à divindade à minha maneira. Não preciso de formalidades e protocolos entre a minha pessoa e o criador. A Ave Maria e o Padre Nosso são as minhas apropriações particulares de louvor e agradecimento. A oração de consagração à Nossa Senhora me acalma demais. Tenho fé e ela me basta.
Uma visão irradiante. Onde entra a Ivete Sangalo nesta projeção do seu futuro?
Nossa, me causa um profundo carinho e repito isto com o maior prazer da minha vida. As 12 anos fui assistir a um carnaval da Ivete. Naquela hora do “…beijá-me como nunca eu fui beijada, toca-me como uma peça preciosa de cristal…”. O que vi foi ao lado da Ivete Sangalo uma estrela [algo que brilhava intensamente nos céus] e esta visão me perseguiu por muito tempo. Pode parecer algo lúdico ou inacreditável agora, passados sete anos, mas indiscutivelmente, marcou demais a minha vida. Pensei muito e determinei o meu futuro: serei uma cantora também. Esta coisa de faculdade de medicina…sei não, eu quero mesmo é cantar.
E os “Archanjos Urbanos” foi algo precoce? Foi gratificante?

Aos 13 anos creio que sim, mas a gente tem que começar fazendo alguma coisa. O cenário da Vila Laura era o máximo. Nos reuníamos com a galera do condomínio e o som rolava legal. A banda “Archanjos Urbanos” se inspirava no Legião Urbana. Tínhamos mas ou menos a mesma idade e todos com muita energia musical. Depois veio a “Ecságono” em Pitangueiras, todos os seis componentes faziam de tudo. Todo mundo se revezava cantando e tocando. Foi uma experiência de interação e de aprendizado que não quero esquecer nunca.
Gostar do Roupa Nova é influência ou coisa da Pétra mesmo?
Sinceramente, pra mim a melhor banda do país é o Roupa Nova. Mas olha só, não tenho limites ou imposições elitistas com relação à música. Música boa é aquela que vc escuta na hora certa, na situação certa e que te faz bem. Pode ser qualquer uma, se te alegra, te faz feliz e você volta à ouvi-la então a razão está contigo e ninguém tem o direito de minimizar ou tripudiar do gosto alheio. Escuto Belchior, o acho um letrista formidável. Carlinhos Brown com os seus trocadilhos fantásticos é o cara. Ana Carolina, Marisa Monte, Wanderléa, Arnaldo Antunes e Renato Russo..e assim vai.

Quando acontece o “estalo criativo”? O que faz a Pétra?
Pego o celular e armazeno tudo na caixa de mensagens. Pra alguma coisa tem que servir a modernidade não? Não quero perder nada. Muito menos de correr o risco de esquecer algo. A poesia é tudo. Ela desce na gente. A inspiração é como oportunidade vem e vai muito depressa. Tem momentos pra acontecer. Toma o nosso espírito e então se o refrão é interessante passo à mentalizar e o canto várias e várias vezes. Se gosto de imediato vira mais uma das minhas canções. Em casa e na tranqüilidade papel e violão.
Em teus shows a relação com o público GLSBT é muito interativa…você gosta de cantar pra essa comunidade?
Me identifico com a luta por direitos humanos. Outro dia num evento público cantei a “Canção da América” em homenagem à jovens negros cruelmente chacinados no Bairro do Lobato. Na Premiação “24 anos do Grupo Gay da Bahia” cantei em homenagem a essa combativa associação. Me apresentei no Teatro Xisto e foi gratificante ouvir a platéia GLS cantar comigo o refrão das minhas canções. Empresto a minha imagem e a minha voz à quem tem fome e sede de justiça. Artistas são porta-vozes de amor, dor e de esperança. Não fujo à regra. Quanto aos Gays e Lésbicas, eles sabem que tem na Pétra uma amiga, uma pessoa solidária aos seus anseios de felicidade e de auto estima. Pra mim o que diz o Lulu Santos é lei “Consideramos justa toda forma de amor”.

Apresentações da Pétra. Como vê-la cantando?
Bom, muita gente já me conhece da noite. Dos barzinhos, das apresentações em teatros e eventos especiais. O que quero mesmo. O meu sonho é fazer um show legal, intercalado por falas, textos e poesias, com um figurino manero e muitas das minhas inéditas canções. Para isto estou super suscetível à propostas. O meu telefone para contato é 8803 – 2652 em Salvador e se alguém tiver afim de me empresariar com certeza não vai se arrepender. Acredito em mim e no meu trabalho. Tenho garra, respeito pelo público e sou absolutamente verdadeira no que faço.

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