GOVERNO DA BAHIA FAZ OFICINA COM TRANSGÊNEROS
Buscando o melhor atendimento na Rede Pública a saúde escuta os Trans
Por Marccelus Bragg
A Secretaria Estadual de Saúde da Bahia, através da sua Coordenação de DST/AIDS, promoveu durante todo o dia 06/07, uma reunião de inédito tema “ Oficina Trangêneros e Direitos Humanos”. O encontro teve como sede o Salão Vitória do Hotel Vila Velha no centro da capital baiana e reuniu representantes de 15 ONGs de Trangêneros de todo o Brasil, 11 Coordenações Municipais DST/AIDS à exemplo das cidades de Lauro de Freitas, Juazeiro, Itabuna, Feira de Santana, Teixeira de Freitas e Salvador. Mais dois Centros de Referências DST/AIDS e duas Unidades de Saúde.
E o objetivo, segundo a titular da Coordenação Estadual DST/AIDS, Dra. Edvânia Landim, que falou na abertura da Oficina, é basicamente “detectar na prática e ouvindo os principais interessados, que são os próprios Trangêneros, quais os pontos em que o estado pode interagir e para melhor, na execução de políticas públicas para atendimento integral e humanizado a esta população de trans e de travestis na rede pública de saúde.”
Muito bem organizada, a Oficina logo nos seus primeiros momentos deu sinais de que o dia seria rico em discussões e em debates. Tendo como público alvo ONGs, equipes interdisciplinares que atuam nos serviços de DST/AIDS e Universidade, a pauta foi seguida de maneira a que os presentes, ávidos por informações à respeito desta população tão diversa dentro de uma mesma categoria, soubessem logo de início, e com a explanação da keila Simpson, travesti presidente da Atras – Associação de Travestis, e uma das facilitadoras desta iniciativa ao lado da Cláudia Ramos do Grupo Licória Illione/BA e da representante da Pathfinder do Brasil/BA, Sra. Cecília Simonetti, qual o significado das palavras e o que vem a ser, em meio aos Trangêneros, os Crossdressers, as Drags Queens, os Travestis, as Travestis, os Transformistas, os Transexuais, etc.
Outras duas convidadas especiais e que muito colaboraram disponibilizando as suas experiências pessoais e enquanto profissionais, uma delas servidora da rede de saúde do estado da Paraíba, foram as travestis Fernanda Benvenutty da Astrapa – Associação das Travestis da Paraíba e a Janaina Lima do Grupo Identidade de Campinas. Ambas durante quase duas horas responderam as perguntas da platéia e muitas das questões levantadas giraram em torno do específico da saúde e da cidadania das trans. Ítens como “aplicação de silinicone industrializado pelas bombadeiras, perigos, impunidade,etc.”, “a AIDS que no bojo do preconceito e do estigma redundou em maior organização e busca por direitos pela população dos Transgêneros”, “ situações como a reivindicação do uso do nome social pelos mesmos em detrimento ao nome civil constante no RG, o que resulta em situações vexatórias e altamente discriminatórias no dia á dia por esta parcela da população”, e mais tópicos fundamentais para que os gestores públicos e também a população em geral aprendam e se eduquem ao lidar com estes cidadãos. O que pode ser sentido no desabafo da da paraibana Benvenutty “Pro povão não tem essa não, essa gente nem sabe o que é transgêneros, pra eles é tudo viado mesmo e acabou”
Em geral e se você não sabe como se dirigir a uma pessoa que faz parte da diversidade em que se fundamenta os transgêneros, o melhor mesmo é chegar para a própria pessoa e perguntar: Como você prefere ser tratada [o]? . Este aconselhamento da Keila Simpson durante a Oficina Transgêneros e Direitos Humanos é procedente, porque quase não existe na familia e muito menos na escola qualquer informação à respeito dos travestis ou dos transexuais. Uma das bandeiras do Movimento Homossexual Brasileiro sempre foi a inclusão da matéria Educação Sexual nas escolas. E mais das vezes o conceitual que impera na sociedade é o do medo, da transfobia, caracterizado aqui como uma espécie de aversão e ódio as trans, e muito do sensacionalismo que banaliza e atira por terra seres humanos que merecem respeito e um tratamento igualitário em todos os sentidos. Cidadania plena sim, é uma grita geral entre elas. Enfim é muito tabu em torno dos transgêneros.
Estavavam presentes na Oficina, a Coordenadora de DST/AIDS da Bahia, Dra. Edvãnia Landim, a Coordenadora de DST/AIDS da cidade do Salvador, Dra. Socorro Chaves, a Diretora da Unidade de Saúde do Pelourinho, Sandra e vários travestis conhecidos como a “Mais Bonita” que recentemente participou do concurso de Miss Bahia “G”, Andrezza Lamarque, uma travesti militante que dirige o Projeto Esperança na Bahia. O travesti Poliana, representando o Grupo Humanus, Arlete e Gerusa, mulheres que integram o Centro de Referência em AIDS – CREAIDS, Michele Marie e Milena, travestis da Atras, Simone e Edyla de Lauro de Freitas, Adaulto Virgilio, Terapeuta Holistico e escritor, Javier Anganoa e Soraya da Coord. DST/AIDS e Dayalla de Itabuna e representante da ASTRACAM de Camaçari.
Dando continuidade a Oficina, todo o conteúdo deste dia de reflexição e de aprendizado, já consta de um documento com as linhas mestras á serem adotadas pelos organismos de saúde do Estado da Bahia, que visará pelo menos traçar algumas diretrizes e recomendações visando a humanização no atendimento ao cidadão “trans” nos serviços de saúde. Iniciativa bem vista pela superintendente na Bahia, da Vigilância e Proteção à Saúde, Maria da Conceição Riccio, já que a descentralização e a integralidade dos serviços de saúde só podem acontecer desde que o Estado tenha o mínimo de conhecimento do perfil do usuário do sus, e neste contexto, claro e dentre outras, se insere a população de transgêneros.
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