Jean Wyllys, assumido e rico. Obrigado a todos os internatutas do Marccelus Portal que fizeram do Jean um vencedor. Ele mostrou que é bom ser gay.
A vitória da ética. Com 55% dos votos, Jean é o grande campeão do Big Brother Brasil 5. Com 55% dos votos, o professor baiano leva para casa o prêmio inédito de R$ 1 milhão. Homossexual – condição assumida logo no primeiro paredão – intelectual e humanista, Jean passou 79 dias na casa defendendo valores que pareciam um tanto fora de lugar num programa em que pessoas traem umas as outras para se tornarem celebridades ou levarem para casa uma quantia que pode significar uma mudança de vida radical. Jean defendeu a ética, a amizade e a cultura brasileira. Bem mais culto do que a média dos participantes do reality show, o campeão Jean personifica a esperança num Brasil melhor no futuro. Já do lado de fora da casa, ele reafirmou para o aparesentador Pedro Bial sua confiança no país. “Só tenho a agradecer, a todo mundo. Fico feliz em mostrar que o brasileiro comum pode ser inacreditável, como os 14”, disse o professor, referindo-se aos Inacreditáveis, desenho animado criado para produção do programa, inspirado nos próprios BBs.
“Vocês dois serviram como termômetros da sociedade brasileira e de como ela está lidando com seus preconceitos, deram chance ao Brasil de manifestar seu desejo ético. Vocês dois vivem sob a pecha do preconceito que existe contra os homossexuais e contra a mulher. Se for bonita, loura e miss… Grazi, você calou a boca de tanta gente”, comentou o apresentador Pedro Bial, ao informar o resultado da votação. “Era o que eu mais queria”, respondeu a miss. “Essas pessoas estão mudas de admiração, paixão, respeito. Você conquistou o Brasil”, continuou o apresentador.
“Quanto a você, Jean, esse país, para mudar, precisa de três coisas: educação, educação e educação. E você é a prova disso. Saiu da pobreza buscando informação. Depois que você passou do primeiro paredão, houve o primeiro momento-chave deste jogo: quando a líder Grazielli indicou Giulliano. O segundo foi a prova do líder em que todos permaneceram vendados, vencida por Jean. O teceiro momento-chave é agora, porque quem venceu com 55% dos votos foi Jean Wyllys”, anunciou Bial.
Primeiro intelectual a participar do BBB, o professor Jean foi pivô do grande racha que dividiu a casa logo na primeira semana de programa. Suas qualidades de líder — costumava comandar as compras e a produção na cozinha — além da boa relação com as mulheres deixaram o médico Rogério e seus comandados (PA e Giulliano) incomodados. Os três arquitetaram a indicação do baiano para o primeiro paredão. Magoado por ter recebido seis votos, Jean assumiu publicamente ser gay e disse estar sendo vítima do preconceito dos outros BBs. Numa virada espetacular (até o começo do programa era sua oponente, Juliana, quem vencia), Jean derrotou a estudante pela apertada diferença de menos de um ponto percentual. Além de ver seu desafeto seguindo no jogo, os gigantes ainda tiveram que aturar as gozações de Jean quando o resultado do Big Boss determinou que os machões da casa deveriam vestir roupas de drag-queens por três dias. A guerra estava declarada.
Em minoria, Jean voltou a ser indicado no segundo paredão, desta vez com sete votos. Místico, vestiu branco e evocou a força de São Jorge e dos orixás para vencer o recém-chegado Marcos (o padeiro entrou na casa via sorteio). Recebeu apoio de Grazi e Pink e um pedido de desculpas de Giulliano. Quando a pernambucana foi emparedada, na terceira semana, o baiano tomou as dores da amiga e passou a organizar a resistência do grupo batizado de Defensores, que já contavam com o apoio de Sammy. A partir da quarta semana, a sorte também resolveu ajudar: Grazi, Jean e Pink conquistaram três lideranças consecutivas, eliminando Giu, Rogério e PA. Na sexta semana de jogo, quando os Gigantes tiveram sua última chance para forçar um paredão entre Pink e Jean, a dupla ganhou um aliado inesperado: Alan desistiu de seguir o voto do grupo e arruinou o complô.
Indicado pela líder Tatiana, voltou ao paredão na sexta semana para derrotar Natália com facilidade. A rede de intrigas não impediu que o baiano tivesse uma relação cordial com Alan e as gigantes de saias. Bom de papo e festeiro, o professor foi eleito pelas garotas o melhor beijoqueiro da casa na brincadeira de salada-mista. Por ironia, sua maior briga durante o confinamento seria com Pink, que não gostou dos pitacos do amigo sobre seu namorico com Sammy. Aborrecido, Jean foi então dar uma de cupido em outras bandas, ajudando na aproximação entre Alan e Grazi. Mesmo quando a Tropa de Choque já se arrastava pela casa em minoria, o intelectual combinou um possível voto no mineiro. Não bastou para agradar Pink, que se enfureceu ao perceber que Jean comemorou a liderança de Alan na reta final do programa.
O paredão dos sonhos da Tropa de Choque parecia estar mesmo escrito no destino de Alan. Líder na décima semana, o mineiro indicou Pink e foi obrigado a desempatar a votação entre Jean e Grazi, emparedando o professor. Recordista em paredões (seriam seis, ao todo) Jean consolou o mineiro e fez as pazes com Pink, mas não engoliu o voto que recebeu da colega. “Nossa amizade nunca mais vai ser a mesma”, revelou a Alan, pouco antes de vencer a amiga numa disputa emocionante. Uma semana depois, no penúltimo paredão, veio o repeteco: indicado por Sammy, Alan preferiu enfrentar o colega baiano e poupar Grazi. Com a vitória sobre o mineiro, Jean ultrapassou os 78 dias de confinamento exausto, magro e abatido, mas saboreando a certeza de que havia conquistado seu lugar na finalíssima do BBB. A lição estava dada.


Jean: ‘A ficha ainda não caiu’
E o novo milionário brasileiro responde a uma série de perguntas. “A ficha já caiu? Você esperava ganhar o BBB?”. A ficha ainda não caiu e foi uma surpresa. Quando me inscrevi no Big Brother Brasil foi mais pela experiência. Eu dava aula e fazia um estudo em cima do programa. Eu pensava em estar do outro lado para contar essa experiência”.
“Você temia o preconceito da academia por participar de um programa popular”. Jean reconhece: “A academia realmente é preconceituosa. Ela se fecha em sua torre de marfim. Mas eu decidi seguir em frente”.
“E o preconceito por ter se assumido gay?”. O baiano relembra o episódio, ocorrido ao vivo logo na primeira semana: “No primeiro paredão eu falei o que achava, o que me veio à cabeça. Eu tinha sido indicado pela grande maioria de meus colegas. O preconceito existe. Não se pode tapar o sol com a peneira”.
“Sua atitude é um ganho para a classe gay?”. Jean diz que indiretamente, acaba sendo: “Não sou um militante da causa gay. Se fiz militância foi mostrando meu jeito de ser, meu caráter. Se defendi alguma causa foi existindo”.
A pergunta seguinte mexe em recordações de outros paredões: “Como se sentiu ao ver que Pink tinha votado em você?”. Jean descreve sua amiga. “Pink é uma pessoa apaixonada e eu estava sempre lá para acalmá-la. Fiquei triste mas depois entendi. Ela votou em mim em solidariedade a Grazi. Pink tinha decidido não votar numa mulher e não sobrou outra opção. Eu entendi completamente a atitude dela, até perdoei a Pink no mesmo dia. Inclusive tomei meu maior porre naquela noite”, relembra o baiano, rindo.
“Você se surpreendeu com a união dos Gigantes contra a sua presença na casa?”. Jean diz que tinha previsto aquela atitude hostil: “Não me surpreendi porque esperava aquilo desde o início. Mas não esperava que fosse ser tanto, com todas aquelas ironias. Mas eu não sou de guardar mágoas. Meus amigos foram os que chegaram até o final do programa: Grazielli, Sammy, Pink, Alan. E eu colocaria a Natália também”.
Perguntado sobre o que pretende fazer com o prêmio de R$ 1 milhão, Jean hesita na resposta: “Ainda não pensei nisso. Sou desorientado em termos de grana. Quero investir em coisas belas, em cultura, em arte, shows. Fazer algo de arte e educação juntos. Isso tudo voltado para gente humilde, honesta e que precisa”.
“Você vai continuar a escrever?”. Jean mais uma vez se mostra atordoado e ri: “Não tenho noção, acabei de sair da casa. Nem sei que dia é hoje. Eu estava escrevendo um romance que ainda não acabei. Das pessoas que conheci pode surgir um embrião para novas histórias”.
A pergunta seguinte ainda é sobre o futuro profissional de Jean. Será que o professor voltará a dar aulas? “Não sei. Eu adorava dar aulas, adorava meus alunos. Eu não cheguei a pedir demissão. Entrei no BBB durante minhas férias. Eu pensei que se saísse da casa nas primeiras semanas ia dar para voltar a tempo. Fiquei até nervoso na semana da volta às aulas porque eu ainda estava na casa”, relembra o novo milionário, rindo e provocando risos.
“A mentalidade do brasileiro mudou? Ele está menos preconceituoso?”. Jean dá sua opinião: “Existem diversos níveis de preconceito no Brasil. Nós todos temos alguns. Por outro lado, o brasileiro é cordial. E esse preconceito é sempre direcionado contra o desconhecido. Quando mostrei a pessoa que sou o preconceito foi caindo”.
A última pergunta é mais leve: “Você posaria nu?”. Jean se surpreende. “Eu não tenho o menor sex appeal. Fico feliz de ter sido lembrado mas eu tenho o sex appeal de uma couve!”, diz o milionário provocando mais risos.
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