E treme Babilônia, os Gays estão chegando!
Por Marccelus Bragg
“Se alguém discrimina um companheiro me discrimina também”. Esta foi apenas uma das frases ouvidas hoje na concentração em frente o prédio da Casa do Comércio em Salvador. Diante de um razoável aparato policial, uma variedade de entidades que militam pelos Direitos Humanos abriram o manto da solidariedade. E sob as asas da democracia, deram guarida ao pleito mais que justo do homossexual assumido Renildo Barbosa.

A questão é a mais atual possível e tem gerado um imbroglio prá la de birrento. De um lado, calcado em precedentes que vem pipocando Brasil afora , o comerciário Renildo Barbosa deseja que os benefícios do SESC, que é uma entidade mantida pelos empresários do comércio de bens e serviços, voltada para o bem-estar social de sua clientela, sempre nas áreas da Educação, Saúde, Lazer, Cultura e Assistência , sejam estendidos ao seu companheiro George. Ele alega em seu favor, que diversas outras Instituições renomadas, precedentes jurídicos e até mesmo certos organismos previdênciários já aceitam a parceria homossexual como um relação estável a equiparando – e em certas situações até a tipificando – como “família”.

Então, não é pra menos que o militante Renildo Barbosa deseja ter o seu companheiro George como dependente perante o Sesc. Já a secção regional da entidade tem sido irredutível na sua posição contrária e garante que não está ferindo a Constituição Federal e nem discrimando ninguém, uma vez que a Carta Magna não cita e nem faz referência alguma a familia nos moldes de “casal do mesmo sexo” . E assim, a carapuça de “Homofóbica” lhe cai muito bem. Pois esta era a palavra nas camisas e nos cartazes dos manifestantes diante do Sesc.

Bom, tem muita água pra rolar. E muito esperneio de lado a lado. E a cruzada Renildo “Direitos Iguais Nem Menos Nem Mais” vai continuar e promete ainda render grandes embates. Agora no judiciário. Mesmo porque, se vitoriosa, a dupla Renildo e George, abrirão um precedente impar e mais uniões estáveis de gays ou de lésbicas e quiçá afins, poderão exigir o mesmo dos outros Sescs nas suas cidades e estados.


Hoje 12/05 conforme o prometido, um carro de som do sindicato dos bancários se posicionou bem em frente a “Babilônia” , ou melhor o Palácio da Casa do Comércio, edifício cuja arquitetura arrojada e de vanguarda lembra em muito os tais jardins supensos do Nabucodonozor. E de lá com certeza, como bem diziam os discursos inflamados, poderiam estar os tais executivos do Sesc da Bahia, que no seu fausto, conforto e poderio, fazem ouvidos de mercador ao direito destes parceiros gays que desejam tão somente serem tratados com igualdade e respeito. Nem mais nem menos.


Até agora fica difícil entender – o porque e qual a grande dificuldade – do Sesc em permitir que “dois cidadãos homossexuais que vivem uma relação afetiva sejam privados de frequentar as dependências e usar os serviços da entidade na condição de usuários e de filiados gays”. Qual o grande mal ou permissividade que isso geraria?

A bem da verdade, a Marcha do Renildo pela inclusão do seu parceiro como o seu dependente no Sesc foi um sucesso. Independente do número de participantes. Ela cumpriu a sua meta e o seu objetivo que era estar às portas da intolerância e dizer-lhe: estamos aqui! Entidades diversas compareceram, dentre elas o Quibanda Du-du de militantes homossexuais negros, o grupo de mulheres Palavra de Mulher, o Grupo Gay da Bahia que levou faixas e cartazes , o pessoal super combativo das Vereadoras Ariane e Aladilse, do Deputado Álvaro Gomes, o UNEGRO, estudantes universitários, O CBAA – Centro Baiano Anti-Aids, a ATRAS – Associação de Travestis da Bahia, o Sindicato dos Bancários que presta um grande serviço de solidariedade e apoio aos movimentos sociais. A simpática turma do IAPAZ – Instituto de Estudos e Ação pela Paz com Justiça Social.



