A festa de 24 Anos do Grupo Gay da Bahia Orgulho quase sindical.
Sonhos que se fazem realidade. Quem imaginou que o GGB – Grupo Gay da Bahia, chegasse aos vinte e quatro anos de existência? Difícil pensar que no meio de tantas batalhas e no cerne da luta árdua contra a homofobia (preconceito e ódio aos homossexuais) vencesse o lado bom da democracia. A vitória é de todos nós que ganhamos a liberdade de sermos gays visíveis e respeitados na nossa condição mais pessoal possível.

Leis foram fomentadas pelo Grupo Gay da Bahia. Dentre tantas vitórias desta mais antiga e ainda combativa organização pró direitos humanos do Brasil está o “ Dia 28 de Junho – Dia do Orgulho Gay” no calendário oficial do nosso município (Salvador), sem falar que no âmbito das leis estaduais temos a que “pune atos lesivos e de desrespeito à livre orientação sexual dos cidadãos”. É pouco? Não, é muito em se tratando do denodado esforço voluntário e aguerrido de lideranças como o veterano antropólogo e comendador (Ordem do Cruzeiro do Sul) Luis Mott – fundador do Grupo Gay da Bahia e seu partner Marcelo Cerqueira. Vamos à festa: Aniversário de 24 anos.

O Espaço Xisto da Biblioteca Central dos Barris completamente lotado. Chegou para prestigiar o evento o nosso prefeito Antônio Imbassay, muito simpático e deixando-se fotografar com fantásticas drags. Agradeceu o troféu recebido, um “Oscar Gay” e disse “ aprendi muito com a diversidade da minha cidade e continuarei com a comunidade Gay a aprender muito mais”. Apareceram muitos vips, e que noite de glamour se tornou este aniversário. Assumidamente Gay, o homem do sucesso 1,99, Ricardo Castro apresentou a premiação. As bailarinas do sofisticadíssimo Ballet Rosana Abubakir brindou a platéia com um toque sensual da dança do ventre e do multicolorido can-can. E a nossa meteórica estrela Petra Adriane pisou o palco esbanjando sorrisos a “la Cássia Eller” e no repertório: “Palavras, Palavras, Palavras” a galera cantou com ela. Essa menina vai longe. Depois a vez e a hora foi dos homenageados cada um com o seu troféu, cujo designer fashion parecia uma jóia . A escritora Mabel Veloso representou o mano Caetano.

O teatro baiano deu o ar da graça no evento do GGB. O nosso patrimônio Nilda Spencer recebeu seu troféu fazendo um libelo à aceitação do “amor que não se ousavam dizer o nome”. Gilberto Gil, impossibilitado da presença por compromissos assumidos anteriormente no Ministério da Cultura, enviou a Dra. Márcia Santana do Iphan. Di Paula, apresentador e estilista falou dos tempos em que ser gay era estar na surdina e temendo a prisão da polícia. Aninha Franco, dramaturga ímpar fez a piada da noite: “Gay burro nasce homem”.

No telão em meio as apresentações tomamos conhecimento das imagens de dor, cadeia e humilhações dos gays baianos nas décadas passadas. Todos assistiram também como nasceu o embrião das super prestigiadas Paradas do Orgulho Gay de agora. Foi-se o tempo dos “quatro-gatos pingados”. Neste niver do GGB políticos além do prefeito se fizeram presentes, a deputada Moema Gramacho, o deputado Maurício Trindade, o ex-reitor e vereador Germano Tabacoff.

A Fé não costuma falhar né? Dos orixás veio as bênçãos do Babalorixá Bel de Oxum ao receber a sua homenagem e o Padre José Hamilton, num gesto bíblico falou “ Deus não divide seus filhos em Gays e não Gays”. Vi jornalistas de fina estampa tipo o talentoso Biaggio da Folha de São Paulo e alguns fundadores do antológico periódico anarquista “Inimigos do Rei” como os homens de imprensa Alexandre Ferraz, Tony Pacheco e Ricardo Liper . Ícones da efervescência gay garantiram o tom do encontro e todos viram Dion transformando-se no palco, Baga Spielberg “uma sirena dorada” , Jhony Star o super perfomático , Fabiane Galvão a “pequena que salta” e várias drags esbanjando bom humor. E pra não esquecer os comes e bebes, sorridentes garçons , apimentados acarajés da Valoá – a biba do feijão , drinks variados, cervejas e refrigerantes. Uma noite inesquecível.
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