O espetacular Dion: Vinte e cinco anos de sucesso
Bodas de ouro de sucesso. São vinte e cinco anos de um feliz casamento entre Dion e o palco. Dono de uma inteligência impar, esse artista do transformismo nunca deixa por menos quando o negócio é o bom nível de um espetáculo. Dentre os tantos personagens interpretados por Dion nada se iguala a inesquecível “Evita”, que anos atrás empolgou toda uma geração de noctívagos ávidos por diversão GLS. Posso dizer sem medo de errar que em Salvador nunca houve uma performance de Eva Perón de tão impecável e refinada interpretação. Pessoalmente “Waltinho” como todos os chamam na intimidade e carinhosamente é um rapaz empreendedor. Um eterno mecenas do entretenimento Gay que vive apostando em opções e alternativas para esta comunidade homossexual tão carente. Empresário bem sucedido, decidido e solidário de alma e de coração, Dion, é o exemplo de que “ na revoada dos sonhos o real a gente constrói sem nunca perder o brilho”. É com o escorpiano Dion – direto do seu belo refúgio em Jauá que o Marccelus Portal abre a entrevista de hoje, uma oportunidade que temos de conhecê-lo, venham;

Dion é um capricho do destino? Como surgiu?
Estou seguro de que alguém mexeu os pauzinhos lá no céu. Estávamos numa roda de amigos e cada um sugeriu uma letra, em princípio não gostei muito da idéia, mas no final não deu outra: “ DION”. Bom, assumi esta nova identidade artística, me acostumei com a sonoridade da palavra e graças à Deus as pessoas a assimilaram com facilidade. São duas décadas passadas e me perdoem a falta de modéstia, “Dion” hoje é quase uma marca, uma referência e uma excelência profissional que deu certo.
É fácil ser um artista do transformismo?
Não é fácil. Como toda expressão artística você tem que estar todo tempo afinado e preciso nas tuas escolhas. O público GLS é muito exigente e no meu caso, antes de me “transformar” faço um rigoroso laboratório do meu personagem. Procuro observar a postura, a impostação da voz a gesticulação e o maneirismo preciso de quem vou interpretar. Isto leva tempo, é necessária sensibilidade e ensaios exaustivos. Tudo para dar uma resposta positiva à quem vai me assistir. O público merece todo o respeito. Sem falar que é uma arte cara. Como normalmente o patrocínio para esta modalidade artística inexiste, tudo é bancado do teu próprio bolso. Para estar e se apresentar bem é o trabalho do artista transformista um árduo desafio.

Os aplausos compensam? Vale à pena?
Quem há de negar que o maior momento, o ápice de uma apresentação é a aprovação do público? Ninguém. Sou um artista transformista que vê na mulher o ser belo que é. Lhe tento homenagear externando a beleza. Cada apresentação que faço procuro estar o mais impecavelmente vestido. Cuido dos detalhes. Ainda que não visto pelas pessoas, sou exigente com pequenas coisas que no todo consagram qualquer espetáculo. Me ponho antenado com a movimentação gay, sei o que lhes agrada e tento fazer o melhor possível. Tenho a particular satisfação de ter uma espécie de personal stile que é o Renato Guerreiro – um profissional muito talentoso – com o qual troco idéias do figurino, do layout do personagem e do impacto visual da performance. Gosto de ser profissional em tudo que faço. Coisas feitas pela metade, desatenção ou apresentações improvisadas não me agradam.

A mulher em mim é poder e orgulho?
Nossa, são tantas mulheres admiráveis. Começo pela minha mãe Inah Santiago. Não sei fechar os olhos sem me recordar da graciosidade e da altivez do seu andar. Mamãe tinha uma postura impecável. Cresci vendo aquela mulher forte e batalhadora me dando exemplos diários de dignidade e de respeito. Viver é uma arte também, difícil e competitiva. E com a minha mãe aprendi a me defender e a buscar o meu lugar ao sol de maneira honesta, não fazendo mal as outras pessoas. Ela é sempre uma grande mulher em mim. Tem também a Vera Fischer eternamente bela, a ousadia da Cher que não entrega os pontos e está sempre in e a nossa intérprete maior Maria Betânia, que sabe como ninguém falar direto aos corações.
Os especiais, quem são?
Meu afilhado artístico Ed. Cyber é muito bom. Um menino de Feira de Santana que tem um futuro brilhante. A minha amiga Marina Garllen é divina na ousadia. Camila Parker e Bagageryer Spielberg também são competentíssimas. Existem muito mais artistas de talento que não quero citar para não correr o risco – por esquecimento – de omitir outros nomes importantes do show GLS de Salvador.

Prazer e desprazer no mundinho. Quais são?
O prazer é saber que cada dia estou me superando para dar o melhor de mim ao show e ao lazer GLS de Salvador. Tenho uma alegria interior muito grande quando vejo que os meus aplausos são espontâneos e decorrentes da minha arte. Estes momentos são impagáveis na minha vida. Quando vejo que as pessoas estão felizes me assistindo e consigo fazê-las leves, livres e soltas nas minhas apresentações, pra mim é tudo de bom. O desprazer é ver como tudo é rápido e imediatista no mundinho. O individualismo tomou conta das pessoas. Quando algumas vezes recomendo “ Deus te ajude” soa estranho e meio antigo para alguns. Será que deixamos de ser humanos? Será que estamos perdendo a sensibilidade para com o próximo? Eu não serei o mesmo Dion se um dia a arrogância e a vaidade descabida tomar conta de mim. Deus me livre. Quero pensar que sempre existe um amanhã e não quero a felicidade só para mim. Todos nós somos filhos de Deus.

E o Gamboa ressurge do nada com o Yes Club?
Fiz a minha justa opção por resgatar e não deixar morrer um espaço Gay dos mais antigos e tradicionais da Bahia. Não tenho certeza, mas o espaço físico do Yes Club [ Gamboa 24] torna-se a casa GLS mais antiga ainda em funcionamento nesta terra. Desde o final dos anos 70 foi a Boite Holmes, alternando-se em proprietários e nomes até chegar a nós. Temos uma proposta muito interessante para o Yes Club e em Dezembro vamos fazer uma nova decoração que a tornará bem mais aconchegante que agora. Todos me conhecem e sabem que a minha clientela está em primeiro lugar. Quem freqüenta a Yes participa também. Ouço opiniões e me ponho antenado para ver o que se pode trazer de atrações e shows. Novidade é comigo mesmo e na Yes ser feliz é o que importa.

E quando novembro chegar, é festa?
Uma festa que estou preparando com muito carinho para dividir com vocês a bênção de estar vivo, feliz, com saúde e produzindo. Será um espetáculo jamais visto em Salvador – no dia 12 de Novembro no Teatro Saleziano, em Nazaré e o que está em foco são os meus 25 anos de carreira. No Show farei uma retrospectiva dos meus melhores momentos. Um deles dedicado a minha adorável mãe que é a parte do musical “Evita” que me faz lembrá-la. Mas trarei o meu último sucesso, o “ Elephas maximus” elefante indiano cuja coreografia, com as bênçãos da deusa Shiva, tem causado frisson na galera. Não foram 25 anos saídos do nada, mas resultado de muito trabalho. Nestes anos viajei muito, fiz shows em Paris, Madri, Bruxelas, Lisboa, Barcelona e Zaragoza. Já me apresentei no programa do Silvio Santos e nos mais importantes teatros de Salvador. Quem for ao Teatro Saleziano verá uma celebração do glamour “O transformismo nunca visto na Bahia”. Todos estão convidados.
Os ingressos podem ser adquiridos no Bar Ancora do Marujo [Carlos Gomes], No Yes Club e na Bilheteria do Teatro Saleziano. Será um fabuloso show com momentos de lirismo e de beleza jamais imaginados. Não percam.

Lembrete do Marccelus: Aniversário e Baile à Fantasia em Jauá E antes que eu me esqueça, os astros dizem sim, haverá mais festa quando novembro chegar. No dia 11 é o niver do Dion, mas será comemorado no dia 20 novembro à beira da piscina e na paradisíaca Costa dos Coqueiros – em Jauá, num lindo baile à fantasia para seletíssimos convidados. É bom demais ter em Waltinho [Dion] o amigo da noite, o principe do bom gosto e o amante da vida. Parabéns antecipadamente e se Deus permitir, “sucesso sempre e vida muito longa e feliz”
Contatos com o artista Dion: (71) 9978 8958 yesbydion@ig.com.br Yes Club – Rua Gamboa de Cima n. 24 – Centro – Salvador Conheçam mais do trabalho do Dion

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