Vem de Caruaru e a ode ao “Amor que não se ousa dizer o nome”
Os poemas homoeróticos do Zé Maria
Por Marccelus Bragg
Quando a estrela Dalva estourava na rádio com os versos de Belmiro Barrela “Foi numa cidade do sertão, que eu perdi meu coração, Caruaru, a princesinha do norte és tu”, o garotinho Zé Maria, um caruaruense incomum, bem que podia estar brincando com outros meninos no chão de terra. Pisando no barro que viraria ouro nas mãos do mestre Vitalino. Só que de um detalhe ninguém sabe, José Maria de Andrade, tinha dentro de si um espírito acorrentado que soltou as amarras através da poesia. E para sorte de todos nós, o pernambucano pendeu pro lado mais lindo da expressão humana, o falar a verdade dos sentimentos recôndidos.
José Maria de Andrade abriu o verbo e se tornou um ativo defensor dos “excluídos do processo social vigente e de uma moral estabelecida”. Começou com sucesso em 1977 e não pára de compor até hoje. E a sua mais recente obra prima é a coletânea “Homoerotismo: Os mais belos Poemas”, uma publicação da Editora Art’berg e com apoio da Prefeitura e da Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru. E o poeta estampa a razão do livro, dirigido a todos os que amam, aos que buscam o amor, aos que ainda tem a vergonha da sua forma de amor .
E para que não fujamos do espírito da publicação, estes poemas de José Maria são mísseis teleguiados que atingem ao alvo aqueles que ainda estão no armário. Para que abram a portam, saiam de cabeça erguida e se libertem. O conselho do poeta é único: “Façam do amor o princípio e o fim das suas existências, pois viver sem amor é igual a morrer”.
O livro do Zé Maria é tão atual, que funciona como um paradigma da felicidade pessoal de todos nós, isto porque não nos envergonhamos da homossexualidade. O livro é super sagaz e divertido também. Tem poema que louva o Movimento Homossexual Brasileiro, que fala dos guetos, do desejo, da inversão, dos desencontros e vem no bojo do dom do artista, uma série de Tributos que não podem ser ignorados. Ao Baile dos Atrizes e a Valdi Coutinho. Amo pessoalmente um muito especial feito à pessoa desta travesti franco-recifense, histórica e mais que presente na cultura GLS pernambucana, Consuellá Leal. Deus, como foi bonito da parte do caruaruense esta homenagem a “grande dama ” a comparando ao sol da meia-noite “ Consuellá. Hoje de Preto: negra. Dama da noite: Estrela! Absoluta”
O prefácio é de uma sofisticação e de um capricho absolutos. O Comendador da Ordem do Rio Branco, o antropológo e prof. Dr. Luiz Roberto de Barros Mott, pela Sorbonne de Paris, evoca Goethe “o amor homossexual é tão antigo quanto a própria humanidade” e o filósofo Schopenhauer “ a universalidade absoluta e a indestrutibilidade obstinada da homossexualidade provam que ela se deriva, de uma forma ou de outra, da própria natureza” ao referendar a obra poética de José Maria de Andrade e vai além, pois recomenda o livro Homoerotismo: Os Mais Belos Poemas, como sendo o principal livro de poesia homoerótica em lingua portuguesa publicado neste início de terceiro milênio.
Contatos com o autor ou para a aquisição do Livro Homoerotismo: Os Mais Belos Poemas, devem ser feitos através de correspondência ao enderêço: Rua João José do Rêgo, 125 – São Francisco CEP 55008 020 Caruaru – PE.