TROFÉU LUIZ MOTT VIRA UM MAR DE EMOÇÕES
O GLICH fez a festa e o evento está se consolidando cada vez mais
Por Marccelus Bragg
“Dos palanques à realização. O programa Brasil sem Homofobia é uma promessa que se cumpre e a Secretaria da Identidade e da Diversidade do Ministério da Cultura do Presidente Lula aqui se faz presente. E veio até vocês para dizer que nunca um governo federal fez tanto por esta minoria marginalizada, seja através de ações concretas como por exemplo o apoio as Paradas do Orgulho Gay ou por meio dos sentimentos de respeito e de completa solidariedade na busca por justiça” com estas palavras do representante do Minc Geraldo Vitor, nós, que estávamos presentes passamos a entender que o evento de fato, ultrapassou os limites de uma cidade interiorana e ecoou em Brasilia.
No seu segundo ano de existência, este certame realizado no CUCA – Centro de Cultura e Arte e sendo uma realização do GLICH – Grupo Liberdade e Cidadania Homossexual de Feira de Santana, conseguiu trazer a cidade o próprio antropólogo e militante que empresta o nome a premiação, Luiz Mott. Que ao final e bastante emocionado falou “esta bonita festa tem um valor super especial para mim. É a certeza de que no futuro outros levarão consigo e no peito o orgulho da homossexualidade pelo qual recebi as muitas ofensas, as muitas agressões e parte das dores que já senti.
É como se disséssemos aquele periódico baiano que um dia estampou em suas páginas “Mantenha a cidade limpa, mate uma bicha todo dia”, que a sua sentença de morte não foi cumprida. Que todo o ódio e a homofobia reinante numa sociedade machista e preconceituosa só servirá para que nos fortaleçamos ainda mais. Então a prova é esta: mais organizações gays, mais consciência e politização. É uma realidade e a felicidade de ousar em nome de um amor escondido e perseguido e que até bem pouco tempo não se podia sequer se pronunciar o nome. A homossexualidade é sim uma benção. E garantir este direito a quem está chegando, a quem está nascendo agora e que precisa encontrar um mundo mais justo. Este é um dever de todos nós.
A cantora Simone Sampaio uma espécie de musa dos Gays feirenses e por diversas vezes madrinha de Paradas Gays foi clara “ quando o meu filho nascer vou ensinar a ele que os homossexuais merecem respeito e que ninguém tem o direito de se achar melhor do que ninguém” e um dos momentos mais emocionantes desta entrega do Troféu Cidadania Luiz Mott foi quando a mãe do presidente do Glich se pronunciou “criei meus oito filhos sozinha e trabalhando no cabo da enxada e panhando bosta de boi na roça para sustentá-los, os outros são casados e esse que gosta de homem ficou comigo e será o meu companheiro para sempre. Uma mãe que tem vergonha do filho? Que escurraça e bota pra fora de casa? Isto não é uma mãe”.
Outro que foi da alegria às lágrimas foi o presidente do Grupo Gay da Bahia Marcelo Cerqueira, ele lembrou das suas origens feirenses e de duas lésbicas que vizinhas à sua casa eram maltratadas e apontadas como asqueirosas “sapatões” por toda uma comunidade desalmada e castradora. Já a parte descontraída do espetáculo foi encabeçada pela fenomenal Dion, ator transformisma que deu um show de interpretação. Assim como Gilvan o cover de Ney Matogrosso e o Mago dos Bonecos, o ator performático Johny Star. Com a participação especial de Duda Weshely e o sensacional Ed Cyber.
O leque de personalidades e de entidades que foram lembradas pelo GLICH nesta premiação é bastante extenso. Todo mundo que vê positividade na existência do GLICH são considerados “fraternos”, porque se irmanam não em torno vãos propósitos, mas enxergam nas iniciativas e nas ações desta combativa entidade a certeza de que as as mundanças de mentalidade numa sociedade machista, sexista, racista e homofóbica, só ocorrerão se o esforço for em conjunto, com todos atuando tal uma corrente cujos elos fortificam e seguram um ideal inquebrantável. Apenas citando alguns destes elos e no quesito apoio e solidariedade para com a luta e a existência deste grupo de homossexuais feirenses, se encontra a Secretaria Estadual de Saúde através da CREAIDS, a Secretária Municipal de Saúde, o Grupo Gay da Bahia e outras ONGS GLBTs, o Ministério da Saúde e da Cultura, a imprensa feirense, toda a mídia Gay, os artistas que divulgam a tolerância e a diversidade como alternativa de respeito aos diferentes, etc…
Assim como à entrada a platéia foi homenageada pelo GLICH ao som de violinos ao término foi disponibilizado um farto buffet regado a vinho branco e a quase centena de agraciados, todos pessoas físicas e/ou representantes de entidades que colaboraram com a luta pela cidadania e pela dignidade dos GLBTs feirenses, puderam forrar o estômago depois daquelas quatro horas de maratona cidadã.
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